O SABIÁ E EU
Canta o sabiá, a noite acaba, E o sol como um vulcão lá na colina Clareia... No quintal de Valdivina As aves vêm comer jabuticabas. Eu, estou sozinho. Canta o sabiá, tudo amanhece, Das casas vão se abrindo as janelas, E transeuntes passam nas vielas... E assume, o vendedor, sua quermesse. Eu, estou pensando. Os motores roncam nas garagens, Máquinas acordam nos galpões, Crocitam, na galhada, os gaviões, E o tempo a nos moer nesta engrenagem. E eu, estou chorando. Canta o sabiá, o vate escuta, E vai espremer sua dor numa poesia, Dormiu e acordou com a nostalgia, E agora quer colher a sua fruta. E eu, com a dor e a lira. Canta o sabiá com alegria, Não sabe, o sabiá, que me machuca, E canta o amanhecer do novo dia, Talvez não sinta a dor que me cutuca. E eu, ainda suspiro...
Geraldo Altoé
Enviado por Geraldo Altoé em 04/03/2007
Alterado em 28/08/2007 |