TREDO DAS NOITES VAZIAS
E quando rompe a voz que a tarde inspira, O Letes em vapor tudo enegrece E inunda o prado, a Veiga, o monte. A lira Debalde já modula um treno em prece. E quedam-se esquecidos mil viventes, E quantos mais se houver. Mirando a lua, O vate pensativo e descontente, Banhada tem no averno a vida sua. Talvez o fumo etéreo tudo apague... E seja a triste noite o meu futuro... Talvez o amargo pranto se deságüe... Pois vivo pensativo e descontente No oráculo das sombras e, em vão modulo A lira do viver em voz ardente... E uso pra dizer neste estrambote Que ao Letes fui beber minha aventura Lutando pra esquecer a dor e a morte.
Geraldo Altoé
Enviado por Geraldo Altoé em 17/12/2008
|