ELEGIA A MEU IRMÃO PEDRO
Essa chuva de finados, Essa chuva que cai emprantecida Sobre a terra úmida da minha face, Esse pranto que é chuva de consternação, Da saudade mútua, do desencanto, Da ferida tocada, da razão Inexplicável da emoção; É essa chuva o pranto que derramo, Que molha meu rosto, Que rouba-me a dor, Que me enche o peito de amor, Que é larva ardente dentro da alma. Chove, meu irmão, nesse dia triste, Nesse horizonte em que já não existes. E vendo a nossa mãe balbuciando, Frente a sepultura lamentando, Pareço ver-te ali. Onde a lembrança guardou tudo de outrora, Nas ruas onde andavas, na escola, E tudo o que é de ti, Lá quando retorno inda te encontro, Lá ainda te abraço, ainda te digo Que é muito bom poder estar contigo, Embora seja apenas relembrando. Geraldo Altoé 2005
Geraldo Altoé
Enviado por Geraldo Altoé em 02/11/2006
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